Fernando Dias de Avila-Pires
Os processos técnicos das últimas décadas trouxeram tal avanço em todas as áreas que perdemos a conexão com o processo que gerou a base sobre a qual o conhecimento recente se ergue. A ecologia de hoje conta com uma visão estruturada de ecossistemas, de reciclagem de nutrientes, de equações e modelos, imagens de satélite, medições elaboradas em nível global. Mas é virtualmente desconhecido o fato de que a ecologia deve muito à epidemiologia e que muitos dos pré-ecólogos eram médicos. Não nos damos conta de que o "reino mineral" era uma entidade independente dos reinos animal e vegetal até que se compreendesse a ação dos microorganismos nos processos de síntese e fermentação da matéria orgânica. A idéia de ciclo, rompendo o isolamento entre os reinos, é, assim, tão importante nesse processo quanto a própria integração entre as espécies no conceito de filogenia.
Pouco se sabe que a França, com os trabalhos de Lavoisier, Pasteur e Claude Bernard, entre outros, foi o berço onde nasceram muitos dos principais conceitos que sustentam a ecologia moderna. Sabe-se da importância de Darwin nesse processo, mas pouco se discute de sua contribuição teórica atual. O quanto de ecólogo tinha o sistemata Linnaeus? É de Haeckel o termo ecologia, mas o que esse zoólogo e embriologista contribuiu para seu desenvolvimento conceitual? Quantos outros autores estiveram envolvidos na criação da ecologia e a partir de quando datamos seu nascimento? Qual é o papel da ciência brasileira, no século passado, dentro desse contexto?
A compreensão da história evita a perpetuação de erros e permite que, mais que puros consumidores de conceitos prontos, nós sejamos capazes de olhar para os limites atuais e de fazer, nós mesmos, as alterações do nosso tempo. Essa compreensão, no entanto, depende da disponibilidade dessa história, que alguém faça essa permanente elaboração que passou. Este Fundamentos da Históricos da Ecologia faz essa reconstituição do processo de construção dos diversos conceitos principais da ecologia. O Prof. Avila-Pires vai até as fontes originais, permitindo que compreendamos a própria época na qual esses conceitos foram formulados e como conceitos e pré-conceitos foram sendo modificados. Abordando áreas paralelas, como a relação ignorada entre muitos ecólogos entre doença e ecologia, o livro engloba um amplo espectro de conceitos, épocas e países com contribuições à ecologia, incluindo os avanços paralelos na ciência brasileira ao longo do século passado. Este livro certamente virá a ser suporte obrigatório no ensino de ecologia em nível de graduação e pós-graduação.
Prefácio
Agradecimentos
Parte Um
1. Introdução
2. Conceitos Básicos
3. Histórico do Termo
Parte Dois
4. Energia Vital 5. Ciclos e Reciclagem
A síntese de substâncias orgânicas
A degradação
Os caminhos da ecologia nascente
6. Comunidades Bióticas
7. O Meio Abiótico
O conhecimento antigo
Tempos modernos
Evolução do conceito de adaptação no século XIX
Visão atual
Estratégias de adaptação
Florestas e climas
Clima e saúde
A época de Pasteur
Um século depois
No intervalo
Nem tudo está perdido
Populações e ambiente
8. O Meio Biótico
Cronologia histórica
O equilíbrio natural e seu controle artificial
O mundo microbiano
9. Patocenoses
10. O Meio Interior e as Comunidades Endógenas
11. O Meio Exterior e as Comunidades Exógenas
Pioneirismo e folclore
Ecologia de vetores
12. O Meio Social
13. Teoria de Sistemas
Parte Três
14. A Ecologia Alternativa ou Ecologia Panteísta
15. Conclusão
Bibliografia